Intenso e brando
Da leveza de uma obra de arte
desnuda-se um som...
um cheiro...
e um leve aconchego
que sinto
ser parte
No horizonte...
as dúvidas
se chocam ardentemente
às margens
qual a espuma das ondas
ao abraçar a areia
Por tantas águas de passados
inconstantes
se revelam os mais distantes
e medonhos sonhos...
Em um semovendo
renitente
qual pêndulo
de passado e presente
à noite
os escombros duros pisados
por descalças e imprudentes almas
não superam o brilho forte
e encandecente do luar que que de pleno as envolve
Se quer dimensionam
a imensidão pontilhada
do universo
que só agora
entendem
um universo subvertido
Pois se antes pequeno, restrito
tornava-se, qual mágica
curioso, belo
e infinito
Ah... mas se essa pluralidade desconcertante de sentidos
que fere...
embriaga...
desproporciona
e magôa
desse lugar ao conforto
e ao calor do arrepio
que tanto povoa
um rubor
de memorias sangradas
de tudo que tento
que tento
em deleite
privar-me
Poderia ao menos
por um instante
ver-te dispersa
em calma
tal ar que respiro
Não sei
ao certo
ou de mais nada
E se a sua companhia um dia... me fizer falta
que cada verso escrito
conserve a imensidão do infinito
do ousado ao terno
do tempo
que é agora escrito
quando a imensa inquietude
da alma
se desnudar mansa
em sentido e brisa
No sossegar
perene
de uma lembrança
fulgurante
e tonta
Que seja o brando sabor
da advertência
em sinal
desiludido
e mesmo tarde...
esse imenso alarde
projete para os olhos de quem ama
a saudade de uma vida
que por tão contida
precisou...
careceu...
e padeceu...
só revelada
em seguida
Flaviano C. Cardoso
11/2017
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