segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Intenso e brando

Intenso e brando

Da leveza de uma obra de arte
desnuda-se um som...
um cheiro...
e um leve aconchego
que sinto
ser parte


No horizonte...
as dúvidas
se chocam ardentemente
às margens
qual a espuma das ondas
ao abraçar a areia
 
Por tantas águas de passados
inconstantes
se revelam os mais distantes
e medonhos sonhos...
Em um semovendo
renitente
qual pêndulo
de passado e presente

à noite
os escombros duros pisados
por descalças e imprudentes almas
não superam o brilho forte
e encandecente do luar que que de pleno as envolve
Se quer dimensionam
a imensidão pontilhada
do universo
que só agora
entendem

um universo subvertido
Pois se antes pequeno, restrito
tornava-se, qual mágica
curioso, belo
e infinito


Ah... mas se essa pluralidade desconcertante de sentidos
que fere...
embriaga...
desproporciona
e magôa
desse lugar ao conforto
e ao calor do arrepio
que tanto povoa
um rubor
de memorias sangradas

de tudo que tento
que tento
em deleite
privar-me

Poderia ao menos
por um instante
ver-te dispersa
em calma
tal ar que respiro

Não sei
ao certo
ou de mais nada

E se a sua companhia um dia... me fizer falta
que cada verso escrito
conserve a imensidão do infinito
do ousado ao terno
do tempo
que é agora escrito

quando a imensa inquietude
da alma
se desnudar mansa
em sentido e brisa

No sossegar
perene
de uma lembrança
fulgurante
e tonta

Que seja o brando sabor
da advertência
em sinal
desiludido

e mesmo tarde...
esse imenso alarde
projete para os olhos de quem ama
a saudade de uma vida
que por tão contida
precisou...
careceu...
e padeceu...
só revelada
em seguida

Flaviano C. Cardoso
11/2017

terça-feira, 24 de outubro de 2017

HUMANA CONSCIÊNCIA

HUMANA CONSCIÊNCIA

Eis que uma alma aflita
interrompe o sossego
de uma vila
pacata
no meio da mata


crianças brincam
e bradam gritos de alegria
jovens enamorados
Cintilam sonhos de amor em serenatas


e a alma aflita e sombria
traz uma pesada
e complexa energia

ela avista a vila
e depois de uma vida ao relento
ao ver naquela surpresa
um prato farto
vê-se salivando
eis que é certo saciar
se sua fome e sede histórica

voa para a vila
como quem está prestes a se jogar em
um mágico banquete
no entanto esbarra
em redoma
e sentida...
vê-se impotente
diante de tal obstáculo
sem qualquer
precedente

e fica toda desmontada
ao ver que aquela paisagem
que de tãoo bela poderia
ser o fim de sua longa viagem
do nada se vê tonta
em pancada à parede
e esta
ao deixar-te pasmado
aparenta exigir-te bem mais
de que um simples achado

Eis que ao solo
um bilhete revela
uma voz estrindente e voraz
ao bradar
que a alma terá
uma missão de verdade
e esta lhe seria exigida
antes que a desejada vontade
fosse então saciada

e eis  a alma se sente pasmada
logo ela
que passou por montanhas
e ate por entranhas dos mais vivos e vorazes
seres
que passou pelos mares
tormentas
por batalhas sangrentas
logo ela
 que em milhares de anos
 acumulava tantos e tantos
saberes


mas a voz se empodera:
- pare! a missão é concreta!
e senão aceitar dê meia volta e volte a vagar
pois aqui
sem ela
não haverá nenhum deleite

Chega!! Disse a alma, diga logo qual seria a minha missão
verás que o meu poder irá destruir
tal qual o mais potente canhão
que um dia já vislumbraste em vida

verás em segundos
essa tal missão ser varrida
e se arrependerá de impor-me
tão inusitado teste

diga logo!
voz estranha
e rouca!
qual missão me restringe!

E a voz em tom confortavel e sublime
exalta o tom e exclama:
"Terás que ensinar a esse povo
tu que estas morta e há tantos anos perambula
as chegadas e partidas
terás que ensinar ao fim
qual seria o sentido das vidas

Somente após isto
e quando
por todos
se fizer compreendida
livre estarás
para o desejado banquete

Venha!
Dei-me agora o aceite
para que inicie sua missão

De outro modo reaja com um
"Não"
e se ponha ao longe
nos caminhos
que a tí conhecidos
e assim
rejeitando a parada
se ponha em retorno
à sua van cavalgada

Chocada...
Calada...
e embebida de confusos sentimentos
a alma pois a pensar por gerações
e manteve-se distante
em dispersa reflexão
pois-se a questionar-se
por que não dizer não?

mas algo surpreendentemente novo a incomodava
ela olhava aquele povo
e olhava denovo
e algo supreendente
a atenção lhe chamava

a cada casa
que ela via
por gerações e por séculos
muita coisa mudava
mas algo a perturbava
pois os comportamentos
a moral
e o papel social
daquelas pessoas
de um modo estranho e curioso
se perpetuava

Abismada
a alma analisou por alguns séculos
e séculos
e viu que pessoas lindas e sensíveis
irresistivelmente se encantavam
com uma moral senil
que por todo sempre
as condicionava

Agora...
Potente e em feliz em descoberta
eis que agora desperta
a alma se sentiu espectro
 e, magicamente, percebeu
que a missão recebida
 estava viva
e que depois de tamanha espera
com uma convincente exatidão
entendeu
que o que agora sabia não era seu

E que estava a altura
da antes rejeitada
agora horrosa
missão

descobriu entusiasmada
que depois de tanto tempo
que em vão
perambulava

Foi nessa observação
desesperada
que surgiu
um inusitado desvio
que deu um novo sentido
a uma busca há tanto tempo buscada
e que a verdadeira charada
estava na vila
estava nessa gente
contida
que se destruia
ao reproduzir
em logica
uma ultrapassada e tardia
moral
vazia

esta
agora revelada
descoberta
de modo potente
as destruía
ao tempo que as limitava

Nesse instante
por se sentir preparada
a alma gritou
Oh voz robusta e astuta
que com inusitada missão
me desafiou

Aqui estou!
Para acordar a empreitada!
Sinto-me forte, pois matei a charada!
E minha fome
só será saciada
se eu puder dar a esse povo
esta chave a chave!
Contra vidas trancadas!

Nesse instante...
Um sorriso estrondoso
irrompeu o horizonte!

Deleita e conforta-se Alma!
Alcançaste a ciência!
Neste instante
tu não mais existe!
Pois tornastes
após tanta paciência

.
HUMANA CONSCIÊNCIA


segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Reencontro

Vejo após distante
todos os que vivi em vida
todos os que olhava e sentia
quando a rebeldia contestante
me tomava a alma

lembro das experiencias
dos ardis
de tudo o que disperso
me tornou disperso
leve
e livre

a cada um que me atormenta
com lembranças de gozo e efêmera felicidade
dedico toda a minha idade

por todos e todas elas
por cada um por cada quem
em suas respectivas homenagens

é que desenho agora
em poesia
essa imagem
cuja lembrança
me dói mais

quero reviver com todos
mas sei contudo
que não mais serão
como eram
e se forem
quão delicioso
e quão importante será
essa oportunidade

agora
se possível
terei muito mais esmero
porque agora
como nunca dantes
sei
o quao importante
era navegar por esses mares
distantes

10/10/2017

sábado, 23 de setembro de 2017

Á Giu que seremos

Á Giu que seremos

FuGiu à lembrança por tanto tempo
à imagem de uma menininha linda
brilhando em feliz infância
dadas às delícias
daquelas que a crueldade da vida
ignora e distorce

alguém que encontro agora
e ja fala como mulher
ser humano precosse
com vida
em vida
que em busca
prediz o futuro

a menina de agora
se delicia com a vida
como jovem
astuta

lembro de tí
e fico feliz em verte
pois em tí o humano legado

que a tristeza pemaneça destraída
enquanto buscas as efêmeras experiências da vida

quando encontrar-te denovo
verei ao certo
que a humanidade converteu-se em ser
ficarei feliz por saber
quão pura
a potência que temos

que viva!
que verte!
que encontre o infinito!

pois em ti!
está as lembranças de danças que nunca entendeste!
em ti está a superação do que tanto quizemos
em tí está uma vida crivada de sentimentos
novos
são novas as dores e o saber
em tí está o que nunca podemos ser
mas por tí
já somos
e por sempre
seremos!

Flaviano
23/09/2017

domingo, 17 de setembro de 2017

Derradeiro

Derradeiro



humana negra
em eterna peleja
para desvendar o vazio
de uma vida massacrada

agora travestes de vingança
toda esperada esperança
que em dança
escolheu revelar-te
tão humano desafio

ah como eu queria...
queria que fosse o primeiro
sofro tanto por ser derradeiro
estes versos que em razão
lhe confio

menina de dar calafrios
vontade tão densa e imensa
para além dos brios almejados
logo tú que ostentas a historia calejada
de uma busca vadia

agora desvanece
à palida impressão
de um merecido alcance
da tao sonhada
liberdade tardia

oh presença crespa
de humanidade impar
quem dera um dia
libertas fosse
da imensa dor
que em síntese
faz-te escrava
de esmera e calibrada
ideologia

humana pérola
de encantos infinitos
quem dera despida dos traumas e atritos
poder-se verte
quão linda
seria

quem dera a vingança que ora que te empodera
fosse contra os acoites reais
dessa tal sociedade

que ao passo da idade
contra ela
e não contra ele
dedicastes a sua fúria
rebelde

que pena que em outra opção
te embebedes

desastradamente
a vida é limite
e os nossos frutos
são o mais belo convite
ao que resta de consciência

Eles reclamam
o que não vês
mas existe
e insistem
pelo amor da real existência
clamam tanto
que tenhamos
paciência

o que querem apenas
é o natural desfrutar
pois pra eles
somos nós
referências


neste ato
ao ver a potência
remissor chamaris
concluo atordoado
que a hora é do deixo-te
e em gritos
tormento
lamento o infinito
mas prossigo

pois sei que tal jazigo
há de ser lembrado
que todo esse amor um dia
há de ser regado

E que as lagrimas
que agora derramo
misturar-se-ão com o legado
de todo
que ao sentir
se fez carregado

que venha o primeiro
e que vivam
alguns poucos
mas futuros felizes
e que gozem o ardil
transitório fileiro
gozem em risos pasmados
gozem...
até o derradeiro

flaviano
17/09/2017

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Indiferentes

seduzidos pela inercia
pelo conforto
somos iguais
enquanto acreditamos
diferente

as mortes diarias
são comuns
vestimos
com nosso marasmo
o corpo nú
de quem corta
todo dia
com navalhas
enquanto padece
a rebeldia

quem dera
quem dera
em vez de dor
e agonia
alegria
alegria

alegre seria o povo
se um dia entendesse o quão importante
se livrar do estorvo
padrão-canção
morbido
no eterno mata-morre
da alienação

que um dia neguemos sinceros
o padrão de igualdade inútil e acéfalo
que tanto proclamam
belos
isso é tao sutil
tão singelo
que à distância
nos fingimos
contentes
em verdade
oremos
somos indiferentes

domingo, 10 de março de 2013

coiote

pensavamos ser todo
que bobagem
somos parte
ela falava em livre
recitava em arte

desconfiava que não eramos todo
estou certo de que somos parte

onde estaremos depois
o que queremos?
o que buscamos?
eis que de repente
por mim
nos encontramos

qual cordão que interage em cordel
qual papel que descreve a paisagem
qual imagem
movimento

qual cabelos presos
concebidos soltos
qual pedaço de vida
descoberto
absorto

eis que o mote
coincidente
revivo
encontro de vivos

uma bela homenagem
Coiote!

sábado, 9 de março de 2013

Por vir

Pequenos...
nos somos pequenos perto da imensidão de sonhos
perto da rigidez
de toda
labuta
perto da escrita
da escuta

sim!
nós somos pequenos
e diante do desafio de viver
com sentido
de buscar o que não temos
de largar o que cremos

E se é mesmo verdade
somos nós que podemos
carregamos a história
e o que sabemos
já compõe
a memória

E se sofremos
se pasmados
se se quer entendemos
é porque é imensa a vida
e o desespero
as vezes
é a única saída
que temos
ao saber que sozinhos
pequenos

a nossa frente
a saudade
e tão perto
a imagem
distorcida e serena
se mostrando
senil
impotente
que pensamos:
ardentes
vale a pena!

E se
o que nos resta é pouco
eis que roucos
ao gritar por centenas

Estes foram
quando ainda não eram
 Nos seremos
quando ainda não somos
se vivemos
é por que precisamos
se lutamos
é porque conhecemos

bem a frente
isto é certo
há um novo presente
esperançoso
a esperar
 toda gente!

sexta-feira, 1 de março de 2013

Prescrição poética

Certo que vivo
eis que ainda
penso
percebo o dissenso
entre o gosto e disgosto
entre o dito e o falado
entre o visto e tocado


é como se faltasse um punhado
de poesia
nesse caldeirão de magia
que nos liga
a existência

os olhos só veem esforço
paciência
persistência

esfregas
esfregas
e o que tens?
insistência

e quando o que vemos é posto em som
as palavras não medem
e o azul é marrom
a tristeza
é remédio
e o tédio
alimento


tentemos de novo
pois tá fraco
e é preciso sustento
com menos sal e um pouco mais
de memoria e poesia

humm...
o que temos?
 - nostalgia

melhorou
siga em frente
um pouco mais
de bom senso
teoria
e coragem
ainda não prove
chame outros
mais gente

Feche os olhos e pode abusar da porção
quando abrir
se prepare
vai ser dura
a imagem!

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Caminhada

A cada passo
é novo
o compasso
circunstância
de um novo
improviso
descoberta
do possível

Desvendado
o horizonte
que outrora
solene
aparente
distante

Cansamos
e diante do morbido
esperança disforme
ameaça
advém
da lembrança
Pois sabemos
que mesmo não
querendo
aprendemos

E entender
quão difere
não confere
não importa quem diga
não dá liga
não adere

O projeto acabado
padeceu sepultado
como diz o ditado:
Não se deixe
enganado

Pois se a força
disfarça
apequena
e embriaga
Eis que esconde a desgraça
de uma praça
ocultada
que já não conhecemos

O que sou
é o que sei que não somos
Pela frente
quem sabe
seremos

e se dizes
escuro!
o que em preces pretende
Obscuro é o presente
Tão doente e infantil

O solado da mente
tão sutil
quão demente
se mantém
restejando
em desejo regresso

Dele o passo
desgasta
em turbor de pecado
destruído e cansado
mas
anestesiado

entufado
em desgosto
mas febril
e robusto
se alimenta do susto
de quem vê-lo
na pista

E se julgam impossível
acreditem
é visível
ainda há
quem insista


sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Imprescindíveis

Temos a angustia de que o mundo
não anda sem nós
de que as saídas
e pensamentos libertários
não poderiam existir
sem a colaboração viva
de um seres militantes derivados da nossa
existência

mas como o aprendizado é uma virtude...
aprendemos com a linha do tempo
que a vida
e a sua transformação
não depende de nenhum individuo

que a esperança que alimenta os sonhos
é fértil em múltiplas sementes
jogadas na realidade
e que não depende da idade
experiência
história ou consciência
para que a a mudança
tome forma semelhante a esperança

A esperança de que um dia a vida e os sonhos
se assemelhem
de que um dia o preciso se torne um tanto
necessário
que quem dele sente e sofre
a falta
busque o que precisa em luta
na forma
de pauta

para isso
pasmem!
não são precisos uns ou dois
mas milhares
centenas de milhares de mulheres e homens
que identificaram com vida
na forma do que sentiram
realidade
romperemos
romperemos com a força do que se convencionou chamar
de vaidade
juntos
somente juntos quem sabe ousemos buscar
além de si o que a história
convencionou chamar de
coragem

a mesma que temos que ter
para conseguir superar
aquilo que se fala
se ouve
e que dizes
que existem os indispensáveis
os importantes
e centralmente
os imprescindíveis

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Vontade


Explode em mim
Por ela
E para ela
Tudo está por dizer

Em eterno porvir
E até o que ainda não está claro
Persistentemente
Seu espaço reclama
Na complexa harmonia
Ressentida
Do tempo

E ele
mesmo em extinção
insiste
Em renúncia
Grita
Qual pronuncia escrita
Em seca e sutil expressão
De liberdade

Viva
Mas sonâmbula
Pois invisível
É possível?
Perguntam os sentidos
É possível que essa vontade
Insista em conduzir os sonhos pra tamanho
 desconsolo?


Que o colo humano
Que é tão fértil e protetor
Se desmanche
Ao busca-lo
o intrépido
destino

Que choro uive
Ao cantá-lo em gotas /
as lagrimas escorrentes
tão Molhadas[!]
Até que o tempo
Ao relento
vos seque


 Que o vento rompa e interrompa
o suspiro
obstruindo a busca

E com tudo isso
ela resiste
sutil e camufladamente
como o que tem
e não se mostra
como o que vem
e não se sabe

De repente
Quão presente
Quanto ausente
Mais que comumente
Eis que ela se sente
Presente!
A Tempestade de Vontade 

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Um certo retorno

É chegada
partida
também recomeço
do fim
e do início
do tarde
que é cedo
semente
plantada
se põe re-movente

Encanto coragem
reencontro constante
refúgio premido
escondido
do medo
uns dizem que é tarde
pra outros é cedo
Mas vivo e crescido
se antes semente
agora arvoredo

Bagagem
contida
o passado é presente
memória
que é plena
se antes serena
agora liberta

Qual vida que paira
Em sede
diverge
o que erige
corrige
Entende a cilada
decifra
a esfinge
que a espreita
contesta
com sorte ela durma
enquanto
desperta

E o tempo
tão leve
qual sonhos
em vento
desvenda
o provento
dos passos
sutis
secretos ardis
em vão cavalgada

Por vezes
deseja
prospere o vagar!
se ponha em espera
sentido, aliene!
que o posto
já era

Mas não
pois à frente
com a força evidente
daquela semente
então
é o que ordena
avente!
organiza!

dos versos
prementes
urdidos
nos passos
e em vão escondidos

Agora do chão
forjados na vida
reclamam atenção
se tornam
confessos

Só resta a razão
do tanto disperso
Por ela
o Senão
que cônscio
te peço

Que agora
e quem dera
da triste
quimera
que pasmem!
impera
se rompa
o recesso

Se em mente a criança
constrói a lembrança
de braços e em dança
e por felicidade

Não falem da idade!
Pois vinga a esperança!

Que as mãos calejadas
no mesmo lugar
e em breve socorro
E em urro
agitadas
Tão firme e encantadas
desenhem de novo


Pois novo
é o contorno
partida
e chegada
A estoria é contada
de um certo
retorno

sábado, 2 de junho de 2012

Momento futuro

Hão de vir os momentos
aqueles pequenos espaços
de tempo
que registram os reflexos
do que vemos
quando ainda não vimos

Os momentos criados
do que ainda
não temos
mas sentimos
pois sabemos
que ainda
não somos

Nesse instante
em que a insegurança é certeza
e que nada é mais cômodo
natural
ou conforto
O momento presente
e indigesto
é protesto
E o futuro é delícia
malícia
e cilada
surgente
e emergente
contra
toda a corrente

Pois sabemos
Que a historia
persiste
insiste
nunca cansa
ou desiste

Para que projetemos
busquemos
sem medo
ou pudor
todo ardor
dessa vida retida

tudo agora
em um momento
e ao mesmo tempo

E aos que dizem que estamos perdidos
no escuro
ou jazidos

Apenas neguemos
que estamos vencidos
Pois se pra eles seremos o hoje
Para nós
seremos
sempre
o momento futuro

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Máscaras

Máscaras de caráter
perambulam o dia
anoitece
algumas caem
como frutas
maduras ou
mordidas

Deliciosas e
desnudadas faces
interagem
livres e descomprometidas
sombras se reencontram
na paisagem

Mas o sol renasce
e com ele
as máscaras voltam as
faces

Viva as personagens!
reconstruídas
nas entranhas
do que
parecia ser
imagem...

Metamorfose

Eu vejo o envólculo
sangrando
impotente
sinto a cada passo
que não dou
uma dor
latente
tão presente
que rio
rio persuasivamente
do meu fracasso
mas não consigo
converse-me

Então me rasgo
até que a última
gota de sangue
seja recriada

Até que a piada
da vida repetida
não faça mais sentido
e que outra
consciência
surja

Mas não vem:
vem essa dor
e tudo que o amor
pela vida é capaz de criar

Sem conseguir
se auto-destruir
a criatura
muda
se reconstrói
se transfigura
Morfada
Morfia
Morfente
Metamorfosemente
Viva!

Buscar o Extra Ordinário

Impávido destino
que nos cerca
propõe a quebra
subversão de sentidos
versos
incertos
do que é
e será

Como dá sentido
se o orgulho do
tédio
nos mantém
feridos
imóveis
em um jogo
de ideais

Falseiam
desejos
como muralhas
invisíveis
que controlam
os sons
saqueiam
a expressão
mantendo
apenas
os restos

restos
de que se alimenta
uma sobrevida ordinária
e mórbida
do cotidiano
gelado e insensível

Podemos!
queremos?
contamos
precisamos
buscar o
EXTRAORDINÁRIO

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Um (1) dia



Inspirado na  música “Basta um Dia”
Chico Buarque

Entre o feito e o possível
Quanto tempo é necessário
Para superar os limites?

Quando aceitamos convites
Releases da vida
Placas
Para caminhos
Diversos

Sozinho
Confesso
Bem mais os difíceis
Mesmo curtos
Imprevisíveis

A caminho do mar
O vento forte da serra
dos lagos
Aponta a infinitude livre
O Declive-paisagem
do mergulho
em imagem
lembrança
relento

As vezes
Resta só o lamento
Que a lupa poli-angulada
Que chama
Com o calor da história
Preza
Ferida
E triste
pois não há nada
ou ninguém
Para
Vê-la

Em apenas um dia
Visita a poesia
Deixa o choro
O riso
O escárnio
Regozijo
Inerte
Daquele Flerte

Deixe o amor e o ódio
Todo o tédio
Deste mundo ignóbil
Soltem os bêbados
E os sóbrios
Em nuvens
De aventura

Basta um dia
Para que escancare
Toda minha agonia
Só um dia
Livre
Infinito
Para que não lamente
Nunca
Pelo feito
E para que reste pouco
Ou quase nada
Que me arrependa de não ter
Visto
Desfeito

Só um dia
Para que mudemos um curso
Da dor
Para o ardor
Da mais infame
Fantasia

Pois a vida
É o eterno reclame
E quem sabe a ouçamos
Um dia...

Quarta-feira,  15 de novembro de 2011-12-01

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Cinzas

Mosaico de impressões
partidas
em partes amontoadas
conformam lenta e consistentemente
a aparência

Esta
em sua
conformidade passiva
apenas ecoa
a forma
morna
resultante
do incontável calor
que dantes tornava
a essência
viva

Agora o antes
apenas pode ser visto
como lembrança
como leves cacos
de intensa esperança
que se recuperam
ao vento

E o tempo
em escalada
até que o movimento
cesse
cesse por hora
até que a vida
novamente
arremesse
as cinzas
e reinvente a revolta




segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Empecilho

Que desgraça!
além do patrão
que já não sai de graça
ainda tem que
brigar
com o que é nosso
-Que farsa!

Como a ferramenta
ganha vida
paralela
sequestrando uns dos nossos
Pra mantê-la
em sequela
ativada

Agora deu
vai saber
que perdeu
já não tem mais
força

Não me ouça
todos sabem
não tem poça
que lave
o que escondes na bolsa

Se essa laica labuta
e o que dela desfruta
é tudo que temos
como quer que fiquemos
ao saber que perdemos
o que nós projetamos

Esse fardo
é pesado
tô deveras
cansado
pra aguentar esse
peso
eu vou junto
e coeso
quem precisa tem pressa

E aê pessoal?
Vamo nessa!
pra trocar essa peça
não há nada que impeça!